Em crise, tradicional Colégio Energia pede recuperação judicial para renegociar dívidas

O tradicional Colégio Energia, referência no ensino médio e em cursos preparatórios para vestibulares em Santa Catarina, enfrenta uma crise financeira que o levou a partir para uma recuperação judicial, como forma de se proteger contra credores. O pedido foi deferido na última terça-feira (1ª) pelo juiz Luiz Henrique Bonatelli, da Vara Regional de Falências e Recuperações Judiciais e Extrajudiciais da Comarca da Capital.

No processo, que envolve um grupo de empresas que compõem o Sistema Energia, a instituição informa ter dívidas de R$ 17,7 milhões sujeitas à recuperação judicial. Ao recorrer à Justiça, o colégio diz ter sido afetado por uma grande redução do número de alunos matriculados, com consequente aumento das despesas operacionais, após a pandemia de Covid-19.

O cenário, diz o grupo na petição inicial, fez com que muitos estudantes suspendessem matrículas e migrassem para escolas públicas, o que gerou custos com rescisões de contratos para a readequação do quadro funcional do negócio. O Grupo Energia chegou a ter cerca de 4 mil alunos em 2014. Ao final de 2024, esse número não passava de 500, segundo informações do processo.

Ao deferir o pedido de recuperação judicial, o juiz também determinou a suspensão de todas as ações e execuções movidas contra o colégio e seus sócios – um problema que estava criando uma “bola de neve”, com aumento de dívidas. A partir da decisão, o Energia tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação, mostrando como pretende pagar credores e reestruturar o negócio.

O Colégio Energia iniciou as atividades em 1988. Chegou a receber várias vezes o prêmio Top of Mind, concedido às empresas mais lembradas pelos consumidores em determinadas áreas, e foi um dos pioneiros na gravação de aulas e na criação de uma videoteca, ainda na década de 1990. Apesar de ser mais conhecido pelo ensino médio como uma das instituições que mais aprovavam estudantes em vestibulares, também oferece turmas do berçário e chegou a ter um braço no ensino superior.

A crise se intensificou a partir de 2019, quando o grupo passou a ter dificuldades para manter as operações e chegou inclusive a enfrentar eventuais atrasos no pagamento de aluguéis e funcionários, segundo histórico detalhado no processo.

O que diz o Colégio Energia

Procurado pela coluna, o Colégio Energia destacou que segue “em pleno e regular funcionamento” e reafirmou seu “compromisso com a educação de excelência”. Sobre a recuperação judicial, diz que o processo “não representa o fim, mas o recomeço de um novo ciclo” de crescimento, aprimoramento estrutural, valorização do corpo docente e honra aos compromissos assumidos.

“Trata-se de uma reorganização que nos permite olhar para o futuro com segurança, responsabilidade e visão”, diz a nota.

O Colégio diz ainda que o plano de reestruturação já está em curso e contempla “avanços nacionais, com projetos sólidos a serem implementados nos próximos meses e anos” com foco na qualidade do ensino e na formação cidadã dos alunos.

Fonte: NSC Total.

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