Balancos ficarão mais subjetivos

A vida dos contadores e dos auditores vai ficar mais emocionante. A convergência da legislação contábil brasileira aos padrões internacionais do IFRS significa que esses profissionais terão de exercitar mais a capacidade de julgamento na sua atividade. “O contador vai ter que sair de sua cadeira confortável e olhar o mundo”, enfatizou o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Eliseu Martins.


O motivo da necessidade de julgamento deve-se ao fato de o IFRS, padrão para o qual o Brasil está convergindo, ser baseado em princípios gerais e não em regras rígidas. Por enquanto, porém, os profissionais não estão achando a vida mais emocionante. Estão temerosos, achando o simples exercício de sua profissão mais arriscado.


Durante seminário realizado ontem na Fipecafi, os professores Eliseu Martins e Ariovaldo dos Santos foram alvo de muitas dúvidas, em especial sobre como tomar decisões em relação a normas e diretrizes pouco exatas que falam em efeitos “materialmente relevantes”, “significativos”, “importantes”, “substanciais” a serem descritos pelas empresas.


Diante dos questionamentos, Nelson Carvalho, presidente do conselho consultivo do Comitê Internacional de Normas de Contabilidade (Iasb , na sigla em inglês), que estava na platéia, tomou o microfone. “O mundo inteiro, não só o Brasil, clama por percentuais”, disse ele, referindo-se a parâmetros que poderiam ser fornecidos para orientar a aplicação das normas.


Porém, Carvalho pôs fim às esperanças dos adeptos das “regrinhas de bolso”, citando o presidente do Iasb, David Tweed: “Estamos marchando para uma contabilidade baseada em princípios e não em regras. Se dermos percentuais, voltaremos às regras”.


Eliseu Martins destacou que os grandes escândalos da contabilidade internacional, como o da Enron, não aconteceram por erro de julgamento e sim por uso de brechas nas regras.


Para Ariovaldo dos Santos, o professor destacou que será normal a existência de erros durante a fase de transição das normas brasileiras ao padrão internacional. “Mas isso é só por um ano ou dois”, brincou ele. Santos enfatizou que quando a companhia não souber como proceder pode buscar orientação nas normas do Iasb para o IFRS, pois é o para onde o país está rumando. “É necessária uma completa mudança de atitude.”

Fonte: Audi Factor

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