A economia brasileira chega ao último mês de 2021 com a identificação do cenário de recessão técnica, após a divulgação dos dados para o Produto Interno Bruto (PIB) referente ao terceiro trimestre do ano. Agora já são dois trimestres consecutivos com sinais de desaceleração econômica, o que lança dúvidas sobre a efetiva recuperação dos impactos causados pela crise instituída pela Covid-19 no curto prazo.
A inflação ainda permanece como uma preocupação relevante e deverá ser o principal foco da corrida presidencial das eleições de 2022, já iniciada com o lançamento de diversos pré-candidatos. A expectativa do mercado, evidenciada pelo Boletim Focus, coloca o principal indicador de inflação do mercado nacional acima de 10% para 2021 e de 5% para 2022.
Além da corrosão do poder aquisitivo provocado pela alta da inflação, os dados do mercado de trabalho também indicam atenção no que tange a geração de renda na economia brasileira. Isso porque, gradativamente, tem-se observado uma redução da remuneração média recebida pelos profissionais atuantes no mercado de trabalho, apesar das melhorias na taxa de desocupação. Em partes, esse fenômeno pode ser explicado pela maior geração de postos de trabalho no mercado informal, que além de garantir menores remunerações, possuem menos garantias para os trabalhadores.
Por fim, fazendo a recuperação econômica um desafio ainda maior para o curto prazo, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem sido obrigado a aumentar significativamente a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), buscando frear os avanços da inflação. Apesar de necessária para o momento, o aumento dos juros reduz os estímulos ao investimento e consumo da economia, na medida em que reduz o acesso ao crédito no mercado financeiro.