Para Sescap, é preciso buscar informações mais detalhadas sobre o que está acontecendo na própria empresa e não apenas o lucro
Não há empresa que consiga crescer de maneira sustentável sem que seus administradores tenham em mãos os números que a movimentam no dia a dia. Sem estes números não há como tomar decisões sobre ampliação do quadro funcional, crescimento de produção, demanda de produtos, ingresso em novos mercados.
Estes números estão disponíveis no departamento de contabilidade da empresa ou no escritório de contabilidade contratado para fazer o serviço. Tudo nos conformes, certo? Quase.
A pergunta que se faz é: quantas vezes você empresário sentou com seu contador este ano para discutir sua empresa? Conversar sobre onde é possível melhorar; como conseguir uma melhor taxa de juro bancário; onde conseguir um financiamento mais barato para ampliar sua produção. Se você respondeu que nem se lembra quando foi a última vez que fez isto ou se alguma vez na vida de sua empresa você fez isto, não se preocupe. Você faz exatamente o que a maioria absoluta dos empresários faz: ou seja, não faz. Não se reúne, não conversa, não procura o contador.
Segundo o presidente do Sescap-Ldr, José Joaquim Martins Ribeiro isto é um erro de estratégia que pode custar caro ao empresário. Ele afirma que o normal no meio empresarial é o dono da empresa ligar para saber qual foi o lucro no período e quanto ele precisará pagar de imposto. E só. É muito raro ele buscar informações mais detalhadas sobre o que está acontecendo com sua própria empresa. ”Quando somos procurados, 90% dos empresários querem conversar apenas sobre os impostos. Mas esta é apenas uma das funções do contador. Como dispõe de todos os dados sobre a vida da empresa, ele pode auxiliar na análise de informações e tomada de decisão”, esclarece Ribeiro.
Segundo ele, a complexidade da legislação tributária brasileira, a carga de impostos e a concorrência fazem com que o empresário tenha pouquíssimo tempo para pensar no empreendimento. ”Se você não tem tempo para pensar na sua empresa é sinal que deve estar perdendo oportunidades de negócios”, comenta Ribeiro.
O empresário Antonio Ermírio de Moraes, proprietário do Grupo Votorantin, que agrega empresas de diversos segmentos, escreveu um artigo dias atrás, publicado na Folha de São Paulo em que ele comenta que ”entra ano, sai ano, e o Brasil continua como o campeão da burocracia. Segundo estudo do Banco Mundial, uma empresa gasta, em média, 2,6 mil horas para atender às exigências governamentais. É um número impressionante. São 108 dias; quase um terço do ano. Foram estudados 178 países. Batemos todos. É uma vergonha. Para conseguir uma certidão negativa nos campos da Previdência ou do Trabalho, são semanas de espera – quando não meses. E, quando ela chega, tem curta validade. Para abrir uma empresa, é um pesadelo. Para fechar, um inferno”, escreveu Moraes.
O empresário fica tanto tempo preocupado com toda a burocracia que envolve ter uma empresa que sobra pouquíssimo tempo para ”pensar” a empresa. ”Entre os mais de 160 clientes do meu escritório de contabilidade raros são os empresários que reservam um tempo para discutir problemas e soluções para suas empresas”, diz Ribeiro.
Fonte: Folha de Londrina