Estrutura tributária repele investimentos

Apesar de ser um dos países que mais atraem o capital externo, especialistas que participaram do Fórum Econômico Mundial para a América Latina acreditam que o Brasil reúne uma série de condições que não justificam essa posição.


As elevadas taxas cobradas, a complexa estrutura tributária e o baixo investimento do governo em proporção à arrecadação são considerados como fatores de ineficiência do mercado brasileiro que deveriam afastar o capital privado.


O diretor do Centro para o Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard, Ricardo Hausmann disse que com o quadro tributário brasileiro, “seria esperado que ninguém quisesse investir aqui”. Ele criticou também a taxa de juros brasileira, a mais alta do mundo, mas ressalvou que existe um motivo para sua existência.


“A Selic é indicação de que, apesar da situação controversa, há muita gente querendo investir no Brasil”, disse. Hausmann explicou que, apesar do cenário, o investimento não se torna impeditivo porque o país também reúne elementos atrativos como modelos de negócios, inovação, produção industrial e inovação agrícola.


O sócio da PricewaterhouseCoopers no Brasil, Fernando Alves, criticou o fato de o país ter uma carga tributária elevada e uma base de contribuintes pequena. “Seria preciso reduzir a carga e aumentar o número de contribuintes. O imposto tem que ser algo que todos nós possamos pagar, senão cria exclusão.”


Alves citou uma pesquisa da consultoria feita em parceria com o Banco Mundial em que o Brasil aparece como o país em que mais se gastam horas para pagar os impostos. São 2,6 mil horas por ano, enquanto nos Emirados Árabes, por exemplo, 12 horas. O Brasil foi o campeão na complexidade da carga tributária e um dos líderes em tamanho.


Com isso, o país perde na competitividade. “É difícil fazer negócios no Brasil porque é um país burocrático. Não só burocrático na temática de imposto, mas para conseguir licença ambiental, alvará. Isso tem que mudar, tem que ceder espaço à facilidade, porque quem sai prejudicada é a pequena empresa”, disse.


Para o responsável pela área de consultoria da Accenture, Mark Foster, o pequeno negócio é importante para a retomada do emprego. “No Brasil, a abertura de uma pequena empresa precisa ser a mais rápida possível, para sustentar o emprego.” Na União Europeia, foram estabelecidos prazos máximos para a abertura de pequenas empresas.

Fonte: Valor Econômico

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