A infra-estrutura não é a única pedra no meio do caminho para que o País mantenha um ritmo de crescimento sustentável do Produto Interno Bruto (PIB), segundo economistas e empresários. “Existem obstáculos de ordem econômica, como a alta dos juros, a elevada carga tributária e o forte crescimento médio anual dos gastos do governo”, cita o economista da consultoria Ceplan, Herodoto Moreira.
“Em 2007, os impostos cresceram 9% e isso foi quase o dobro do aumento do PIB”, explica Moreira, se referindo ao crescimento de 5,4% do PIB divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. A carga tributária de 2007 ficou em 38,8%, enquanto a de 2006 foi de 35,1%. O economista afirma que “atualmente, o País tem a maior taxa de juros real praticada no mundo”. Os juros altos trazem mais custos para as empresas.
Já o crescimento real dos gastos do governo, segundo o economista, aumentou uma média de 7% ao ano nos últimos quatro anos. “Isso induz a um aumento da carga tributária e significa que mais recursos terão que ser utilizados para o pagamento de impostos”, afirma.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Jorge Corte Real, defende que o governo também deveria implementar alterações estruturais para que o crescimento do País fosse mais sustentável. “As reformas trabalhista, previdenciária e tributária eliminariam gargalos que atualmente travam a economia”, comentou Corte Real.
A desvalorização do dólar também traz conseqüências no comportamento do PIB. “Ocorrerá um incremento das importações e uma redução das exportações”, comentou Moreira.
O economista da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Renato Duarte, acredita que a queda das exportações pode desestimular a fabricação de produtos industrializados no País, principalmente daqueles que atualmente podem estar mais baratos devido à desvalorização do dólar.
EDUCAÇÃO
“A estrututura educacional do País tem que mudar, caso o País queira ter um crescimento sustentável”, argumenta Jorge Corte Real.
Ele defende que a mão-de-obra deve ser mais qualificada, incluindo melhorias na formação de nível técnico e profissionalizante. O empresário afirma também que devem ser feita mais cooperação entre os institutos de pesquisa e outros lugares que produzem o conhecimento, como as empresas da iniciativa privada.
“Hoje tem que saber produzir. São exemplos disso a Itália e a Alemanha, que não plantam um pé de café e passam por grandes produtores, quando são os maiores beneficiadores do produto”, explica Corte Real.
Segundo ele, o crescimento sustentável também precisa de uma política de desenvolvimento regional, que diminua as desigualdades entre as regiões. “A União Européia fez um programa maciço de investimento nos locais onde existiam menos infra-estrutura e um menor nível educacional. Eles jamais conseguiriam ser uma comunidade sem a igualdade”, diz.
Fonte: Jornal do Commercio