Pobres e pessoas que não têm propriedades enfrentam carga tributária bruta maior que a de ricos e proprietários, conclui pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentada ontem. O presidente, Marcio Pochmann, disse que é mais um indicador da injustiça do sistema brasileiro, marcado pelos tributos indiretos como, por exemplo, o ICMS e o IPI. “Quem tem mais dinheiro, paga menos imposto no Brasil. Os pobres gastam tudo o que ganham e sofrem mais com o peso dos tributos indiretos.”
Ao comentar as medidas de desoneração adotadas pelo governo, Pochmann admitiu que não foram decididas do ponto de vista da justiça tributária, mas ponderou que é preciso ver o poder de preservação de empregos que elas têm.
Usando informações do IBGE e considerando as faixas de renda da população em 2008, o Ipea mostrou que os que ganharam até dois salários mínimos tiveram de suportar carga de 48,8% do que receberam. Do outro lado da lista, para quem ganhou mais de 30 salários mínimos, a carga foi de 29%. Ao transformar essas diferentes cargas em dias trabalhados, o instituto indicou que a faixa de renda menor teve de trabalhar 197 dias – os mais ricos, 106 dias. Ao analisar a carga tributária bruta sobre não-proprietários e proprietários, o Ipea usou dados de 2006. Para os não-proprietários, calculou que o peso da contribuição previdenciária, incluindo FGTS, e do IR retido na fonte foi de 18,8%. Para os proprietários, a carga foi de 13,6%.
Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico