O pedido de recuperação judicial da rede do empresário Tito Bessa Jr foi encaminhado após tentativas de renegociação de dívidas de cerca de R$ 200 milhões com bancos e shoppings, que acabaram não avançando.
A rede de moda TNG, do empresário Tito Bessa Jr, entrou com pedido de recuperação judicial ontem (21) no Tribunal de Justiça de São Paulo. Até o início da manhã deste sábado o processo ainda não havia sido distribuído a alguma vara específica. O pedido foi encaminhado após tentativas de renegociação de dívidas de cerca de R$ 200 milhões com bancos e shoppings, que acabaram não avançando.
A crise afetou diretamente os negócios da TNG, que chegou a fechar lojas, cortar despesas e demitir empregados para reverter perdas, mas a forte queda na receita e a pressão maior das dívidas impediu melhora dos números.
“Do total de 400 dias [desde o início do fechamento das lojas com a pandemia] trabalhamos 200 dias. Como você trabalha assim? Impossível. Sabemos que precisamos de um, dois anos de fôlego, esse é o tempo que preciso. Seis meses só não deu para nos recuperarmos. É uma reconstrução, um recomeço. A recuperação judicial não dá certo quando você pede na hora errada, não é o nosso caso. Estamos pedindo com condições de sairmos dessa situação, buscando um tempo maior para renegociarmos as dívidas e focarmos no negócio só”, disse Bessa Jr.
A TNG foi fundada há 37 anos. Em 2019, a empresa tinha pouco menos de 170 lojas. Fechou 60 desde o início da pandemia, e também demitiu cerca de 600 pessoas no período. A varejista chegou a faturar anualmente R$ 400 milhões anos atrás, e em 2020 a receita somou aproximadamente R$ 150 milhões. A receita de lojas com mais de um ano de operação caiu cerca de 30% no ano passado, e começou 2021 com queda entre 25% e 30%.
O setor de moda foi um dos mais afetados pela crise após 2020, por conta da interrupção na operação e lentidão no retorno do fluxo de clientes às lojas. As grandes cadeias têm relatado um reaquecimento mais acelerado em 2021 — especialmente redes de capital aberto e com centenas de lojas, como Renner e Marisa. Mas a melhora vem se concentrando nos negócios de grande porte. Redes de operação mais regional ou menor escala, com acesso limitado a capital, e que perderam volume vendido ao longo de 2020, vêm sentindo mais dificuldades para recuperar as vendas.
A consultoria que já estava trabalhando há um ano com a TNG, e continua no processo de reestruturação, é a Siegen, e a Moraes Jr é o escritório de advocacia da empresa.
A TNG vinha renegociando contratos de aluguel com principais shoppings do país desde o ano passado, e a segunda onda da covid em 2021 levou a nova interrupção das lojas e necessidade de renegociar os contratos. Os shoppings vêm negociando condições com os lojistas individualmente neste ano, avaliando caso a caso.
“Eu continuo tocando, o executivo sou eu e eu estarei à frente. Temos ação de despejo de shopping, renegociação a tocar com bancos, mas agora a gente consegue conversar”, diz o empresário.
Fonte: Valor Investe