Teka entra com pedido de recuperação judicial

A Teka, tradicional fabricante de produtos para cama, mesa e banho de Santa Catarina, entrou com pedido de recuperação judicial para tentar colocar as finanças em dia. A companhia é mais uma vítima da crise que atinge o setor há cerca de uma década.

De acordo com Marcello Stewers, diretor-presidente da Teka, uma conjunção de fatores atingiu em cheio o caixa da empresa. Entre os motivos dos problemas, segundo ele, estão a queda das exportações por causa da valorização do real, os juros elevados, a alta carga tributária brasileira, a crise do preço do algodão de 2010 e 2011 e, por fim, a turbulência que a economia europeia atravessa.

Desde 2003, as exportações, que representavam 35% do volume produzido pela empresa, caíram para apenas 3%.

“O gatilho para o pedido da recuperação judicial foram basicamente as ações trabalhistas que vieram com a redução do nosso parque fabril e das demissões de funcionários”, afirmou Stewers.

Para tentar buscar um ponto de equilíbrio nas suas finanças, a Teka reformulou o portfólio de produtos e a capacidade fabril. Demitiu cerca de mil empregados nas unidades de Itapira e Artur Nogueira, no Estado de São Paulo, e Indaial e Blumenau, em Santa Catarina. Mesmo com o impacto das rescisões, o principal passivo da empresa repousa nas dívidas com bancos e os chamados credores quirografários.

“Nosso objetivo com o pedido de recuperação judicial é pagar todos os trabalhadores, os fornecedores e os bancos dentro de uma estrutura de capital adequada. Outro ponto é explorar melhor as unidades de negócios, a nossa marca, que é muito forte, e abrir novos canais de venda”, afirmou Stewers.

No final do primeiro semestre, o passivo a descoberto total da empresa era de R$ 780,9 milhões, incluindo os tributos. Stewers não detalhou o passivo sem os tributos, mas disse que é “um pouco mais da metade do valor total”.

O executivo também reclama que o pacote do governo federal, anunciado em abril, de desoneração fiscal para ajudar vários setores da economia, entre eles o têxtil, chegou tarde demais. “Esse pacote nos ajudou timidamente. Quando se fala no custo Brasil, é muito mais do que o que foi contemplado. Quando vemos um setor inteiro que não ganha mais dinheiro, tem algo de errado”, completou.

A boa notícia para a companhia é que conseguiu registrar, no primeiro semestre, um lucro de R$ 77 milhões, dando uma nova esperança para o equilíbrio financeiro.

“O lucro ocorreu, temos uma grande chance de reagir. A recuperação judicial é um remédio para ajudar a empresa a voltar a ter lucro”, disse Stewers.

Fonte: Estado de Minas

Compartilhar