Bolsa volta ao nível de outubro. Vai durar?

Esta semana promete ser positiva no mercado de ações da BM&FBovespa, com os negócios seguindo a tendência do início do mês. Analistas e gestores de investimento acreditam que os dados econômicos divulgados nos últimos dias foram melhores do que o esperado e isso aumenta o otimismo do mercado. Na última sexta-feira, o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário nacional, teve alta de 3,07% e fechou em 45.538 pontos. Foi a terceira sessão consecutiva de alta e a maior pontuação do índice desde 2 de outubro do ano passado, quando estava em 46.145 pontos.


Bancos nos EUA
 
Um exemplo de dado favorável que contaminou o mercado nos últimos dias foi a antecipação do balanço do banco Wells Fargo, quarto maior dos Estados Unidos, que estimou lucro de US$ 3 bilhões no primeiro trimestre deste ano, número que superou expectativas.
 
“Somente o fato de um banco antecipar a divulgação já foi interessante. E os dados mostraram que o setor financeiro está estável, o que diminui a aversão ao risco”, afirma o gestor de renda variável da Infinit Asset, Georde Sanders.
 
Ambiente favorável
 
Várias outras boas notícias no Brasil fizeram com que o Ibovespa registrasse 11,27% de alta neste mês até a última sexta-feira. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de base para o sistema de metas do governo, por exemplo, fechou março
 
com alta de 0,2%, menor resultado apurado desde setembro de 2007.
 
Mais uma notícia interessante: o País recebeu a visita do vice-presidente da Bolsa de Nova York, que veio em busca de novas
 
ADRs (certificado para companhias estrangeiras negociadas na Bolsa de Nova York). Além disso, a tendência de queda do juro básico da economia (Selic) contribui para um cenário favorável no mercado acionário brasileiro. O mercado de juros futuros prevê a Selic em 9,7% em janeiro de 2010, de acordo com o fechamento da última sexta-feira na BM&FBovespa.
 
“Com as taxas de juros em baixa, as aplicações de renda fixa interessam menos. A caderneta de poupança, por sua vez, terá as regras alteradas como o governo já sinalizou. Resta ao investidor passar para a renda variável. Isso dá otimismo ao mercado todo”, avalia o operador sênior da Tov Corretora, Décio Pecequilo.
 
Boas opções
 
O operador de mesa da Elite Corretora Fábio Marques Prandini destaca as ações de commodities, bancos e energia com boas perspectivas de alta no curto prazo. “A pressão no preço das commodities foi aliviada, a China sinalizou novas compras de aço e o protecionismo das nações mais ricas está arrefecendo. No setor de energia, há defasagem na subida dos preços. As ações das elétricas não acompanharam a euforia do começo do mês e ainda tem espaço para subir”, diz.
 
Em relação aos bancos, Prandini aposta no bom momento por causa da solidez do setor no País.
 
“A queda de 8% nas ações do Banco do Brasil (na quarta-feira) foi pontual, relacionada a razões políticas. O mercado absorverá a informação e verá que a reação foi exagerada.” Na semana passada, o presidente Antonio Lima Neto foi substituído por Aldemir Bendine, por discordar das exigências do presidente Lula para baixar juros.
 
Vale ressaltar que, embora a tendência seja de alta no mercado acionário, não é um momento de explosão e haverá dias de Ibovespa negativo.
 
Os analistas apostam principalmente na realização de lucros no meio da semana.
 
“Os estrangeiros voltaram a operar e precisam de lucros porque estão vindo de um período nebuloso. É provável que isso pressione para baixo os indicadores em um ou dois dias, mas não será nada drástico”, acredita Pecequilo, da Tov.
 
Em março, os estrangeiros negociaram R$ 1,8 bilhão na BM&FBovespa, voltando aos patamares do início do ano passado.


 

Fonte: Diário do Comércio

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